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Após reconhecimento do Reino Unido, Palestina inaugura embaixada em Londres

O representante da missão palestina no Reino Unido, Husam Zomlot, segura placa que marcou cerimônia para transformar o prédio da representação em uma embai...

Após reconhecimento do Reino Unido, Palestina inaugura embaixada em Londres
Após reconhecimento do Reino Unido, Palestina inaugura embaixada em Londres (Foto: Reprodução)

O representante da missão palestina no Reino Unido, Husam Zomlot, segura placa que marcou cerimônia para transformar o prédio da representação em uma embaixada após reconhecimento da Palestina como Estado pelo Reino Unido, em 22 de setembro de 2025. Toby Melville/ Reuters Um dia após o Reino Unido reconhecer formalmente a Palestina como um Estado, autoridades palestinas fizeram nesta segunda-feira (22) uma cerimônia para transformar o atual escritório de representação em Londres na Embaixada da Palestina na capital britânica. 📱Baixe o app do g1 para ver notícias em tempo real e de graça No domingo (21), Reino Unido, Austrália e Canadá anunciaram que reconhecem formalmente o Estado da Palestina, em uma mudança histórica de posicionamento (leia mais abaixo). "Trata-se de pôr fim à negação do direito inalienável do povo palestino à liberdade e à autodeterminação. E é o reconhecimento de uma injustiça histórica. Senhoras e senhores, a Palestina existe. Sempre existiu e sempre existirá", disse o representante da missão palestina no Reino Unido, Husam Zomlot. Na cerimônia, Zomlot hasteou a bandeira palestina no edifício. Membros do governo britânico também participaram da cerimônia. Reconhecimento Reino Unido, Austrália e Canadá reconhecem Estado Palestino Com o reconhecimento de domingo, o Reino Unido se uniu ao grupo de mais de 140 nações que já haviam oficializado esse reconhecimento. A lista cresceu desde o início da guerra em Gaza, em 2022, e inclui Espanha, Noruega, Eslovênia e o Brasil. "Hoje, o Reino Unido reconhece formalmente o Estado da Palestina para reviver a esperança de paz entre palestinos e israelenses, e uma solução de dois Estados", afirmou Keir Starmer, Primeiro-Ministro do Reino Unido, em uma mensagem na rede social X. Em 29 de julho, Starmer já havia antecipado que o reconhecimento do Estado palestino ocorreria em setembro, na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU). O primeiro-ministro já havia condicionado essa postura a ações de Israel em direção a um cessar-fogo em Gaza e a negociações de paz que viabilizassem a solução de dois Estados. Diante do agravamento da crise humanitária e da falta de avanços diplomáticos, ele decidiu avançar. A medida ocorre em um contexto em que outros países europeus e latino-americanos também já oficializaram esse reconhecimento, reforçando a pressão internacional sobre Israel. O Canadá também reconheceu o Estado da Palestina, anunciou neste domingo o primeiro-ministro Mark Carney. "O Canadá reconhece o Estado da Palestina e oferece sua colaboração para construir a promessa de um futuro pacífico, tanto para o Estado da Palestina como para o Estado de Israel", afirmou Carney em um comunicado nas redes sociais. Reino Unido e Canadá são os primeiros países do G7, grupo das principais economias do mundo, que reconhecem o Estado da Palestina. Momento em que míssil israelense atinge prédio em Gaza, na Palestina Reuters Líderes conservadores britânicos questionaram o impacto prático da medida. Israel tem criticado os anúncios de reconhecimento, afirmando que as medidas serviriam como recompensa ao terrorismo e ao Hamas. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou compartilhar dessa opinião. Os reconhecimentos têm sido vistos como um sinal político contra a expansão de assentamentos e a presença militar israelense nos territórios. França e Arábia Saudita lideravam uma ação diplomática para influenciar outros países a favor da Palestina. A Austrália também "reconheceu formalmente o independente e soberano Estado da Palestina", anunciou neste domingo o primeiro-ministro Anthony Albanese. "Ao fazê-lo, a Austrália reconhece as aspirações legítimas e antigas do povo palestino de ter um Estado próprio", afirmou Albanese em um comunicado, pouco após anúncios similares do Reino Unido e do Canadá. "O ato de reconhecimento de hoje reflete o compromisso de longa data da Austrália com uma solução de dois Estados, que sempre foi o único caminho para uma paz e segurança duradouras para os povos israelense e palestino", acrescentou Albanese. Lista em alta Além dos três países anglo-saxônicos, o governo de Portugal anunciou que oficializará seu reconhecimento do Estado palestino ainda neste domingo (21). Outros países europeus, como França e Bélgica, expressaram a intenção de oficializar o reconhecimento. Com isso, a quantidade de países europeus que evitavam oficializar a medida diminuiu. Antes de uma série de formalizações entre 2024 e 2025, a maior parte dos reconhecimentos era limitada a antigos países comunistas, assim como Suécia, Islândia e Chipre. Em 2024, Espanha, Irlanda, Noruega e Eslovênia romperam uma paralisia europeia de uma década e se juntaram à lista de países que reconhecem o Estado palestino. A Assembleia Geral da ONU aprovou o reconhecimento de fato do Estado da Palestina em novembro de 2012, elevando o seu estatuto de observador no organismo mundial para "Estado não membro". Nas Américas, só um punhado de países ainda não reconhece o Estado palestino, incluindo os EUA e o Panamá. Na Europa, entre os países que ainda evitam a medida, estão a Alemanha, Itália, a Áustria e as nações do Báltico. Ao todo, cerca de 80% dos 193 países-membros da ONU reconhecem oficialmente um Estado palestino. A lista aumentou com a adição de mais de uma dúzia de países desde 2024, num momento em que Israel trava uma guerra na Faixa de Gaza e vem intensificando a expansão de colônias na Cisjordânia, os dois territórios habitados por palestinos. Os países que já reconhecem Pouco menos da metade das nações que já reconhecem o Estado da Palestina o fizeram formalmente após novembro de 1988, quando a Organização para a Libertação da Palestina (OLP) declarou oficialmente a Palestina um Estado independente. O apoio na época veio de países comunistas, como a União Soviética, e da China, bem como de países não alinhados, como a Iugoslávia e a Índia. Logo, outros países seguiram o exemplo. Na última década do século 20, muitas nações da Ásia Central, assim como a África do Sul, as Filipinas e Ruanda, estabeleceram relações diplomáticas com o Estado da Palestina. No início dos anos 2000, Argentina, Bolívia, Equador e Venezuela reconheceram oficialmente a Palestina como uma nação soberana. Em 2010 foi a vez de o Brasil reconhecer um Estado da Palestina dentro das fronteiras de 1967, o que inclui a Faixa de Gaza e a Cisjordânia, tendo Jerusalém Oriental como sua capital. Em 2011, a Autoridade Palestina solicitou a adesão plena à ONU, mas o Conselho de Segurança rejeitou o pedido. No entanto, os esforços diplomáticos, somados à frustração generalizada com o estagnado processo de paz com Israel, levaram mais de uma dúzia de países, incluindo Chile, Uruguai e Peru, a reconhecer a Palestina como um Estado. No mesmo ano, a Palestina foi admitida como membro pleno da Unesco, marcando uma vitória para a diplomacia palestina. A Islândia tornou-se o primeiro país da Europa Ocidental a reconhecer a Palestina no mesmo ano, estabelecendo um precedente seguido em 2014 pela Suécia. Anúncios recentes Em 2024, as Bahamas, Trinidad e Tobago, a Jamaica e Barbados anunciaram o reconhecimento do Estado palestino. Em junho de 2023, o México anunciou seu total apoio à criação de um Estado palestino e, pouco depois, o governo mexicano decidiu estabelecer uma embaixada nos territórios palestinos, com todos os privilégios e imunidades concedidos a missões diplomáticas. Em 2023, a Bolívia cortou relações diplomáticas com Israel por causa da guerra em Gaza, argumentando que Israel estava cometendo crimes contra a humanidade. A Colômbia declarou a Palestina uma nação soberana em 2018, pouco antes do término do mandato do presidente Juan Manuel Santos. Desde o início da ofensiva israelense em Gaza, o país sul-americano, que exportou 1 bilhão de dólares em mercadorias para Israel em 2023, reduziu suas relações políticas e econômicas com Israel. Em 2024, o presidente colombiano, Gustavo Petro, cortou relações diplomáticas com Israel e, recentemente, ordenou a abertura de uma embaixada na cidade palestina de Ramallah, na Cisjordânia ocupada.